Uma pesquisa publicada na revista Pediatrics Official Journal, o periódico oficial da Academia Americana de Pediatria, indica que a anomalia de microcefalia em bebês já era endêmica antes da epidemia de zika. Em 2015, a maior incidência do vírus teria elevado o status da anomalia para ‘surto’.
O estudo foi realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, que analisaram a prevalência da microcefalia em 2010. Ou seja, cinco anos antes da epidemia de zika registrada em 2015, quando foi constatado que o vírus é fator de risco para a anomalia.
Foram avaliadas 4.220 crianças nascidas em São Luís, capital do Maranhão, e 6.174 crianças em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, entre janeiro e dezembro de 2010. Nasceram com microcefalia 3,5% dos recém-nascidos de São Luís e 3,2% de Ribeirão Preto que participaram da pesquisa.
Fatores que causam a microcefalia
De acordo com os pesquisadores, não é apenas a infecção congênita pelo vírus zika que causa a microcefalia. Outros fatores que envolvem aspectos sociais, reprodutivos, demográficos e de estilo de vida também influenciam a anomalia.
De acordo com os pesquisadores, Ribeirão Preto apresentou, em 2010, taxa de 2,5% de microcefalia, um número ligeiramente maior do que o esperado pelos pesquisadores, que seria de 2,3%. Já em São Luís a taxa observada de 3,5% foi uma vez e meia maior do que o esperado.
“Comparada a Ribeirão Preto, em 2010, São Luís também apresentou mais casos de microcefalia severa grave, com 0,7% de prevalência, enquanto em Ribeirão Preto esse índice foi de 0,5%”, disse o professor Marco Antonio Barbieri, da FMRP, um dos autores da pesquisa.
Neste caso, a taxa esperada para essa anomalia é de 0,14%, de acordo com o estudo. Portanto, para os pesquisadores, o achado dado foi maior que o esperado para as duas cidades, o que caracteriza que a endemia já ocorria antes da epidemia do vírus zika em 2015.