“Minha filha só tinha 14 anos. Não merecia isso. Tinha a vida pela frente”, lamentou a mãe de Raissa Sotero Rezende, torturada e assassinada por duas adolescentes de 15 anos na Praia de Maria Farinha, em Paulista, região metropolitana do Recife, na manhã da última terça-feira, 25.
O crime foi gravado e compartilhado nas redes sociais pelas próprias suspeitas de cometerem o ato, duas adolescentes de 15 anos. Elas foram apreendidas pela Polícia Civil e encaminhadas à Unidade de Atendimento Inicial (Uniai) da Funase, onde seguem à disposição da Justiça.
A mãe, o padrasto e o namorado de Raissa ainda estavam perplexos com o ocorrido, ao chegarem no início da noite ao Instituto Médico Legal (IML), em Santo Amaro. A vítima teria sido levada do colégio onde estudava, localizado no bairro dos Coelhos, no Recife, até o local do crime, onde sofreu diversos atos violentos e morreu.
A Lei Maria da Penha também se aplicou à situação pelo contexto: Raissa e uma das meninas que aparecem no vídeo gravado tiveram um relacionamento no ano passado e, mesmo separadas, a vítima era alvo de constantes assédios e perseguições da suspeita.
Na época em que tiveram um caso, a vítima morava com o pai e a avó, no bairro da Caxangá, Zona Oeste. No auge do relacionamento, chegou a ficar quase dois meses fugida de casa, junto da ex, para desespero da família. Ao retornar para casa, se separou. Queixava-se de agressões constantes com faca e queria outro rumo para a vida.
As investidas eram tantas que motivaram a jovem a trocar de escola e ir morar com a mãe, em outro bairro. O que não resolveu o problema, pois de acordo com os familiares da vítima, a ex continuou a perseguição, até que descobriu o novo colégio que Raissa estudava. E nessa terça-feira ela teria sido atraída a entrar em um carro e ir à praia, onde foi assassinada.
As adolescentes suspeitas foram apreendidas em flagrante por ato infracional equiparado ao homicídio, duplamente qualificado. De acordo com fontes na Polícia Civil, a apreensão das adolescentes foi complicada. Em um primeiro momento, foram encaminhadas à Delegacia de Homicídios de Paulista e depois para a Delegacia de Maria Farinha. Durante todo o trajeto, xingaram e tentaram agredir os agentes, segundo as fontes.