Assim como deve acontecer com a Covaxin, o Ministério da Saúde vai rescindir o contrato para a compra de 10 milhões de doses da vacina russa Sputnik V. O anúncio depende apenas da conclusão das análises jurídicas necessárias.
Segundo o Valor apurou, o governo vai argumentar que a vacina não conseguiu obter a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o que consta como uma das exigências do contrato, que teve a empresa União Química como intermediária.
A Anvisa autorizou, no dia 4 de junho, a importação excepcional de um volume reduzido de doses da vacina. Isso aconteceu por conta da falta de informações que garantissem a segurança e a eficácia da Sputnik V.
Além do volume reduzido, correspondente a, no máximo, 1% da população, a vacina só poderia ser aplicada após aprovação de cada lote pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS).
As primeiras aplicações também teriam que ser seguidas por uma intensa ação de vigilância, a fim de observar efeitos adversos. Somente pessoas jovens e sem comorbidades poderiam receber o imunizante.
Soma-se a todas essas dificuldades o cenário atual mais confortável para a oferta de vacinas. O ministério estima a chegada de cerca de 80 milhões de doses somente no mês de agosto e pretende concluir a vacinação dos maiores de 18 anos até novembro.
Diante disso, chegou-se à conclusão de que não faz mais sentido seguir com a Sputnik e a Covaxin, esta última envolvida em denúncias de corrupção. No caso da vacina russa, há ainda um contrato de 37 milhões de doses com o consórcio de governadores do Nordeste.
Na última segunda-feira (19), o consórcio cobrou do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, a inclusão da Sputnik V no Programa Nacional de Imunizações. Queiroga, no entanto, sinalizou que não pretende atender ao pleito.
Responsáveis pela vacina no Brasil, o Fundo Soberano da Rússia e a União Química não haviam se manifestado até o momento da publicação.
Valor