Ainda é cedo para saber qual será o efeito do debate realizado na noite desta terça-feira (02) na TV Mirante, mas o governador Flávio Dino (PCdoB) certamente deve ter saído menor do que entrou, por não ter conseguido dar respostas convincentes a alguns questionamentos dos adversários para os quais certamente não estava preparado. Talvez o mais incômodo tenha sido a revelação da ex-governadora Roseana Sarney (MDB) de uma compra de alimentos no valor de R$ 45 milhões, faltando seis meses para acabar a atual gestão, o que ele limitou-se a dizer que trata-se de uma ata, que pode ou não ser confirmada, ou seja, não negou que pelo menos houve essa tentativa de forrar a cozinha do Palácio dos Leões com compras milionária.
Flávio Dino também se perdeu quando, ao ser indagado pelo senador Roberto Rocha (PSDB) sobre o que teria feito para salvar os rios maranhenses, em especial o Itapecuru, que abastece o Sistema Italuís, e afirmou ter despoluído a Lagoa da Jansen e as praias de São Luís. Desafiado a dar um mergulho na água despoluída da lago, disse que como governador não iria se submeter a esse tipo de provocação.
Outro embaraço foi quando, ao tentar desqualificar o governo de Michel Temer se equivocou ao dizer que a ex-governadora votou pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), o que ela corrigiu dizendo que não era deputada nem senadora, portanto jamais poderia votar, já que esse julgamento foi feito no Congresso Nacional. Roseana completou ainda sua defesa lembrando que Dino é apoiado por quem derrubou Dino, inclusive sua candidata a senadora, Eliziane Gama (PPS).
Desafiado pela adversária a mostrar três obras que tenha planejado, licitado, executado e inaugurado, Flávio Dino citou as reformas de escolas, as obras do mais asfalto e até a não iniciada ponte de Bequimão a Cedral, na Baixada Maranhense. Roseana, que mirou o governador como alvo principal, disse que os R$ 45 milhões que ele vai gastar com alimentos daria para fazer muitas obras ou manter clínicas, creches, escolas etc.
Desconforto – Mesmo sem empolgação no discurso, o candidato do PSOL, Odívio Neto, também deixou o governador em situação de desconforto ao lembrar que ele, nestes quatro anos, não deu um centavo de reajuste ao funcionalismo público, e que apenas professores de 40 horas ganham os salários acima de R$ 5 mil, enquanto os demais sequer recebem o piso nacional. Odívio lembrou ainda que, mesmo fazendo críticas a golpistas, o governador se cercou de deputados que derrubaram Dilma para tentar a reeleição.
O candidato do PSOL também botou na defensiva o senador Roberto Rocha, por ter votado a favor da PEC que limita os gastos públicos e a candidata do PSL, Maura Jorge, por nunca ter explicado a contratação de uma doméstica em seu gabinete, quando era deputada estadual, sem que a contratada soubesse.
A candidata do PSL, Maura Jorge, vestida a caráter com um camisa com a inscrições MI170, numa alusão ao Mito de Jair Bolsonaro, se agarrou na figura do presidenciável para se apresentar como sua única aliada no estado, querendo desta forma firmar uma votação de cabo a rabo no 17, o que pode fazê-la subir nas intenções de voto. Maura lembrou ainda a rispidez como foi tratada por Flávio Dino num evento em sua cidade, Lago da Pedra, quando era prefeita, e acusou o governador de tratar os prefeitos de forma intimidadora. A candidata também revelou que candidatos a deputado de outras coligações, antevendo a vitória de Bolsonaro, distribuem material de propaganda com indicação do 17 para presidente.
Desafios – O senador Roberto Rocha, apontado como aquele que teve melhor desempenho, questionou Flávio Dino por que o Maranhão caiu no Ranking de Competividade dos Estados, sendo hoje o penúltimo do Brasil, à frente apenas do Acre. Para o governador, isto é deficiência do capital humano disponível no estado, o que será corrigido pelo Escola Digna, mas não isto que diz o Centro de Liderança Pública (CPL), que fez o estudo. Segundo o órgão, as razões que fizeram o Maranhão sair, em 2015, da 20ª posição para 26ª em 2018 foi foram, principalmente, Segurança Pública, Infraestrutura e Solidez Fiscal.
Ao encerrar sua participação, Roberto Rocha disse que o telespectador precisava de uma resposta do governador a algumas indagações suas, como se deixou de fazer blitzen de trânsito e apreender carros e motos por remorso ou devido a proximidade e qual a única legenda que votou contra o projeto da Zona de Exportação do Maranhão (Zema), que foi o PCdoB.
Flávio Dino parece ter ido ao debate mais disposto a desqualificar os adversários do que mostrar propostas, e seu alvo principal, claro, era Roseana Sarney, e disse que ela fazia confusão da sua conta bancária com o volume de dinheiro que teria deixado em caixa para o atual governo, e também rebateu as críticas de Roberto Rocha ao Mais Asfalto, insinuando que o senador era contra pobre morar em ruas pavimentadas.
No mais, repetiu a propaganda do Escola Digna, das obras em Saúde e a criação dos Iemas (escolas de ensino técnico). Apesar do bombardeio sofrido, o governador, pela sua assessoria e por veículos aliados, diz que saiu vencedor do debate.
Fonte: Maranhão Hoje