Três investigados pela Operação Torrentes são presos em Pernambuco e no Maranhão

Operação prendeu três pessoas no Grande Recife e São Luís.

A Polícia Federal (PF) cumpriu novos mandados de prisão dentro da Operação Torrentes, que investiga o desvio de dinheiro em obras de reconstrução em cidades atingidas por enchentes em Pernambuco e seca no Maranhão. Três pessoas foram presas preventivamente, ou seja, por tempo indeterminado, na terça-feira (15), no Recife, Jaboatão dos Guararapes e São Luís (MA).

Foi preso o coronel da reserva da Polícia Militar do Maranhão, Carlos Roberto de Souza Lima, no bairro Renascença, em São Luís. Ele já havia sido alvo de mandado de busca e apreensão na residência dele, no Maranhão, dentro da Operação Torrentes 2, e foi indiciado por tráfico de influência, que prevê pena de até cinco anos.

Também foi preso o advogado Daniel Pereira da Costa Lucas, 51 anos, no bairro de Piedade, em Jaboatão, no Grande Recife. Ele foi indiciado por corrupção ativa, peculato e lavagem dinheiro. As penas podem ultrapassar 20 anos de reclusão. Ele foi preso três vezes dentro da Operação Torrentes 1 e 2.

Ainda foi preso o pastor evangélico José Bezerra dos Santos, 62 anos, no bairro do Espinheiro, na Zona Norte do Recife. Ele foi indiciado por tráfico de influência. O religioso ainda não havia sido preso dentro da Operação Torrentes.

As prisões preventivas foram decretadas pela 13ª Vara da Justiça Federal. Os três presos foram interrogados pela PF e encaminhados para o exame do corpo de delito.

Em seguida, passaram por audiência de custódia, onde foram confirmadas as prisões preventivas. Eles já foram levados para unidade prisionais não informadas.

Operação Torrentes

Operação Torrentes 1 foi deflagrada pela Polícia Federal em 9 de novembro de 2017, com apoio da Controladoria-Geral da União e da Procuradoria da República de Pernambuco. A investigação buscou desarticular um esquema criminoso de desvio de recursos públicos, fraudes em licitações e corrupção de servidores públicos vinculados à Secretaria da Casa Militar do Estado de Pernambuco.

A investigação teve início no ano de 2016, a partir de um relatório elaborado pela Controladoria-Geral da União com relação a gastos efetuados pela Casa Militar no valor de R$ 450 milhões.

Essa quantia foi repassada à Secretaria da Casa Militar pela União na chamada “Operação Reconstrução” e deveria ser usada na assistência às vítimas das enchentes que devastaram diversos municípios da Zona da Mata Sul de Pernambuco, em junho de 2010.

Operação Torrentes é realizada na Vice-governadoria de Pernambuco, na Avenida Cruz Cabugá, no centro do Recife.

Esquema em Pernambuco

Segundo a PF, a investigação verificou que, a depender do objeto licitado, funcionários da Secretaria da Casa Militar direcionavam os contratos a diversos grupos empresariais em troca de contrapartidas financeiras. Também foram verificados indícios de superfaturamentos e inexecução de contratos.

Ainda de acordo com a PF, foram detectados também fortes indícios de superfaturamento em alguns contratos recentemente firmados pela Secretaria da Casa Militar com recursos públicos federais na “Operação Prontidão”.

Essa operação deveria destinar dinheiro para a reestruturação de municípios da Mata Sul pernambucana atingidos, mais uma vez, por chuvas em maio de 2017.

A investigação aponta que a fraude no valor de contratos, após as chuvas de 2010 e 2017, pode chegar até a 30%. Além disso, houve também o não fornecimento dos produtos, o que pode totalizar um prejuízo de R$ 10 milhões aos cofres públicos.

 Em dezembro do ano passado, o Ministério Público Federal (MPF) denunciou oito envolvidos no caso, sendo quatro militares e quatro citados no grupo de empresários ligados ao suposto esquema.

Fraude se repete no Maranhão

Em fevereiro deste ano, os mesmos empresários pernambucanos investigados por fraudar licitações de obras da reconstrução de cidades atingidas por enchentes em Pernambuco foram presos pela PF suspeitos de desviar recursos públicos federais destinados a vítimas da seca no Maranhão, dentro da Operação Torrentes 2. O esquema criminoso é semelhante nos dois estados, segundo os investigadores.

 De acordo a PF, a fraude envolveu até o ex-comandante do Corpo de Bombeiros maranhense e subtraiu dinheiro que deveria ter sido investido na compra de cestas básicas e filtros para a população afetada pela estiagem.

A segunda fase da Operação Torrentes cumpriu seis dos sete mandados de prisão preventiva expedidos e nove de busca e apreensão. As ações ocorreram no Recife (PE), Jaboatão dos Guararapes (PE) e São Luís (MA).

Segundo o delegado Márcio Tenório, coordenador da operação, quatro empresas ligadas ao empresário pernambucano Ricardo José de Padilha Carício participaram da fraude.

Padilha, apontado pela PF como líder dos dois esquemas – em Pernambuco e no Maranhão -, já estava preso no Centro de Triagem de Abreu e Lima (Cotel) desde a primeira etapa da Operação Torrentes.

Fonte : G1MA

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