Em clima eleitoral, Bolsonaro tenta reverter rejeição recorde no Nordeste

O presidente Jair Bolsonaro tenta reduzir a rejeição que ostenta no Nordeste, a mais hostil a ele em todo o país. Depois de visitar Alagoas semana passada, onde reinaugurou obra do governo estadual, Bolsonaro vai entregar, nesta sexta-feira (21), títulos de propriedade rural em Açailândia, município localizado a 562 km de São Luís.

Esta é a terceira visita de Bolsonaro ao estado governado por Flávio Dino (PCdoB), nome cotado para vice do ex-presidente Lula na disputa presidencial de 2022. Bolsonaro também concedeu esse mesmo tipo de documento em fevereiro, no município de Alcântara (MA).

De acordo com pesquisa divulgada semana passada pelo Datafolha, 62% dos eleitores nordestinos afirmam que não votariam em Bolsonaro de forma alguma. O percentual é superior à média nacional, que ficou em 54%. Nenhum dos nove governadores da região é aliado do presidente.

Em clima eleitoral, antes de chegar ao Nordeste ontem, Bolsonaro fez visita que não estava programada em sua agenda oficial à pequena Lago do Tocantins (TO), município com pouco mais de 4 mil habitantes, onde causou aglomeração e foi recebido com festa pela população local.

Bolsonaro inaugurou obra ontem em outro estado governado pela oposição, o Piauí, de Wellington Dias (PT), coordenador do Consórcio do Nordeste, grupo de governadores da região que tem feito contraponto às medidas do presidente no combate à pandemia. O presidente inaugurou uma ponte sobre o rio Parnaíba, ligando as cidades de Alto Parnaíba (MA) e Santa Filomena (PT).

A visita do de Bolsonaro ao Piauí desfalcou a base governista na CPI da Covid. Titular da comissão, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente do PP e líder do Centrão, faltou ao depoimento de Eduardo Pazuello para acompanhar o presidente por seu estado. O PP é um dos partidos cogitados por Bolsonaro para concorrer em 2022. Ele era filiado à sigla, sobre a qual não tinha influência, até se filiar ao PSL.

O presidente desembarcou ontem no fim do dia no município maranhense de Imperatriz, onde dormiu após receber o título de cidadão imperatrizense, proposto por um vereador da cidade. O Maranhão é terra de outro aliado de Bolsonaro, o senador tucano Roberto Rocha, adversário de Flávio Dino.

Em comum nas três visitas feitas pelo presidente ao Nordeste desde a semana passada, a ausência dos governadores. Em Alagoas, de Renan Filho (MDB), Bolsonaro atacou o pai do governador, o relator da CPI da Covid no Senado, Renan Calheiros (MDB-AL), a quem chamou de picareta e vagabundo.

DO Congresso em Foco

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