O avanço do novo coronavírus (Covid-19) pelo interior do Maranhão tem sido um ponto de pressão sobre as gestões de prefeitos em todo o Estado.
Desde o mês passado, por força de decreto, o governador Flávio Dino (PCdoB) decidiu segregar o território maranhense basicamente em duas regiões: a Grande Ilha, compreendendo os quatro municípios da Região Metropolitana de São Luís; e o continente, com os demais 213 municípios.
Na primeira, definiu regras mais duras para funcionamento das atividades comerciais, como forma de reduzir a circulação de pessoas – o que culminou com uma decisão judicial determinando o bloqueio total (lockdown) e um posterior decreto pela instituição de um rodízio de veículos.
No interior, deixou aos gestores municipais a possibilidade de definir regras mais brandas, ou rígidas, de acordo com a realidade de cada cidade.
Na prática, até agora, apenas dois prefeitos decretaram lockdown no continente: Raimundo Neto, em Nina Rodrigues, e Jully Menezes, em Arame. Nos demais, as medidas seguem mais frouxas que na capital.
Mas os novos casos da doença interior adentro começaram ser maiores que na Região Metropolitana de São Luís. Boletim epidemiológico emitido pela Secretaria de Estado da Saúde (SES) na quarta-feira, 13, por exemplo, aponta que houve 138 registros da Covid-19 nos quatro municípios da Ilha, contra 551 no continente. Um dia antes, na terça-feira, 12, os números já havia sido parecidos: 166 novos casos em São Luís e entorno, contra 420 do interior.
Em entrevista ao programa Ponto Final, da Rádio Mirante AM, na manhã de ontem, o secretário de Estado da Saúde, Carlos Lula, admitiu preocupação com essa mudança de panorama, mas garantiu que o governo tem se preparado para a virada.
“A gente tem um plano de ação para modificar o perfil das nossas unidades [no interior]. A gente vai modificar o perfil de Pinheiro, Santa Inês, Coroatá, Imperatriz para colocar essas unidades macrorregionais exclusivas para coronavírus. Barreirinhas já tem uma ala, Peritoró já tem metade do hospital voltado para o cuidado com a Covid-19, vamos inaugurar em Lago da Pedra e Santa Luzia do Paruá”, disse.
Ele acrescentou que o Estado pretende inaugurar mais unidades, mas admitiu problemas com o fornecimento de oxigênio. E deu mais detalhes sobre novos hospitais que devem ser inaugurados em breve.
“A gente tá com um problema hoje que é sobre rede de oxigênio, não estamos conseguindo empresas que queiram fazer, colocar o tanque ou a usina de oxigênio, para fornecer oxigênio aos hospitais. Nesse momento há uma demanda muito elevada de todos os estados da federação, mas a gente está lutando pra isso. Aí o quanto antes inaugurar Santa Luzia do Paruá e Lago da Pedra, também os dois nesse momento exclusivos para Covid-19. No sábado eu estarei em Açailândia, para inaugurar o Hospital da Vale, hospital de campanha de Açailândia em parceria com a Vale e a prefeitura municipal. Ele já está pronto. A gente já entrega os primeiros 20 leitos dele, sendo quatro leitos de estabilização, no sábado 10h da manhã”, completou.
De O Estado