Mortalidade materna: O Estado do Maranhão tem a segunda maior taxa do país

A mortalidade materna voltou a crescer no Maranhão, de acordo com um levantamento do Ministério da Saúde. O estado possui o segundo pior índice do país, ficando atrás apenas do Amapá. Segundo o levantamento, as principais causas de morte de mães durante ou após o parto são hipertensão, hemorragia e infecção pós-parto. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (SES), nos últimos anos foram feitos investimentos em prevenção e assistência em saúde para reduzir o índice histórico estadual.

A situação é semelhante em to­do o país. Em 2015, a proporção foi de 62 mortes a cada 100 mil nascimentos e em 2016, 64,4. O aumento foi maior no Norte do país, cerca de 11%. Os estados com os piores índices foram Ama­pá, com 141,7 mortes, e o Maranhão, com 122,2 óbitos de mães.

Entre as causas de morte, destacam-se problemas de hipertensão, hemorragia e infecção pós-parto. O Ministério da Saúde reconhece que um dos maiores problemas é a falta de leitos obstétricos na rede pública de saúde, como ressaltou a diretora de Promoção da Saúde do Ministério da Saúde, Fátima Marinho.

“Ao entrar em trabalho de par­to, ela vai para determinado hospital e ao chegar lá, vai ser internada. Então, um problema que nós temos, concreto, é pouco leito obstétrico, isso é fato. Nós temos uma demanda muito grande, que é resultado do aborto inseguro. Nós internamos 220 mil mulheres devido ao aborto inseguro”, destacou.

Segundo o Ministério da Saú­de, o aborto é a terceira maior causa de morte materna no país. A diretora de Promoção de Saúde do Ministério afirmou ainda que a cobertura do pré-natal é alta e que a maioria dos partos são hospitalares. No Maranhão, a Secretaria de Estado da Saúde afirmou que vem investindo na prevenção e assistência em saúde para modificar o cenário no estado.

De acordo com a SES, foi instituída a Força Estadual de Saúde para reforçar a atenção primária aos municípios de menor IDH, firmou cooperação técnica com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e Organização Mun­dial de Saúde (OMS), com objetivo de fortalecer as políticas públicas da Atenção Materno Infantil, com a implementação do novo modelo de atenção pré-natal no estado e da estratégia Zero Morte Materna por Hemorragia pós-parto nas 13 maternidades prioritárias do estado, além da qualificação da Atenção Hospitalar Perinatal.

Criou também o Comitê Estadual de Prevenção à Mortalidade Materna, Infantil e Fetal, que mobiliza poder público e sociedade civil organizada, tem executado a reestruturação da rede de atenção materno infantil do estado com destaque para as inaugurações da Casa da Gestante, Bebê e Puérpera e da primeira UTI Materna na Maternidade de Alta Complexidade do Maranhão, mantém monitoramento das obras da Rede Cegonha, realiza investigação do óbito materno e de mulheres em idade fértil, para que seja possível prevenir mortes evitáveis.

Ainda de acordo com a SES, foram abertos dois Centros Sentinelas, em Balsas e em São Luís, que fizeram a inserção de mais de 2.500 DIUs, impactando diretamente no acesso aos direitos sexuais e reprodutivos e na mortalidade materna, além da manutenção de ações permanentes, por meio do Departamento de Atenção à Saúde da Mulher, na qualificação dos profissionais das unidades básicas de saúde dos municípios, aprimorando o serviço de atenção ao pré-natal.

Por que as gestantes morrem?

A morte materna ocorre durante a gestação ou 42 dias após o parto, quando as mulheres são acometidas por doenças obstétricas, em razão da gestação, ou por complicações de doenças pré-existentes. Entretanto, para o professor da Unifesp Nelson Sass, é muito difícil encontrar algo que contraindique a gravidez. O que acontece, segundo ele, são condições de risco que merecem um pré-natal mais cuidadoso.
As principais causas de morte são pressão alta durante a gravidez, hemorragia após o parto, infecções e aborto. Sass explica que a morte materna se associa à qualidade de vida e de assistência. Por isso, os indicadores são piores em países em desenvolvimento e locais com poucos recursos.
Quanto mais precária a assistência, a hemorragia acaba sendo a primeira causa de morte materna. Já no grandes centros, a hipertensão acaba se destacando, por causa de uma qualidade de pré-natal não adequado.
A hipertensão é a elevação da pressão arterial que leva a um comprometimento da saúde da mulher, e aí a pré-eclâmpsia é um fator fundamental, segundo Sass. No estado de São Paulo, é a causa mais comum para a morte materna. Já as hemorragias acontecem, principalmente, por partos mal acompanhados, por ruptura uterina e problemas com a placenta. O parto cesariano eleva o risco da placenta ficar aderida, por exemplo, e a mulher ter hemorragias. Por último, as infecções puerperais e as infecções relacionadas ao aborto. Muitas mulheres buscam a interrupção da gravidez e morrem por infecção e hemorragias.
As sequelas de problemas gestacionais também são um problema grave. Para cada morte materna, de oito a dez mulheres ficam com sequelas definitivas, segundo Sass. No caso da pré-eclâmpsia, ela ainda gera a prematuridade do bebê. “Imagine uma família com a expectativa de ter o primeiro filho e de repente não tem mais a mãe e com um bebê que precisa de cuidados especiais. É uma tragédia familiar”, disse.

Pré-eclâmpsia
No último dia 22 de maio, algumas entidades internacionais promoveram o Dia Mundial da pré-eclâmpsia, entre elas a Sociedade Internacional de Estudos sobre Hipertensão na Gravidez (ISSHP). Todos os anos, quase 76 mil mães e 500 mil bebês no mundo morrem por causa da pré-eclâmpsia. A doença afeta de 8% a 10% das gestações no mundo e responde por 20% de todas as hospitalizações para tratamento intensivo neonatal.
Segundo o professor, a pré-eclâmpsia é uma doença grave relacionada ao aumento da pressão arterial, mas é pouco entendida e com evolução rápida e imprevisível. Aparece depois das 20 semanas de gestação com sintomas que se sobrepõem e que podem ser considerados normais na gestação, como inchaço, dor de cabeça, ganho excessivo de peso e dificuldade de respirar.

Fonte: O Estado

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